PRA COMPARTILHAR...

PRA COMPARTILHAR INSPIRAÇÕES, BOAS IDÉIAS, VIAGENS, CULTURA, ENFIM: UM MUNDO BEM BACANA!!

Usuários On Line........

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lygia.........uma das musas de Tom.


Os olhos verdes da carioca Lygia Marina de Moraes são morenos na letra de "Lígia". Um disfarce da identidade da musa e da atração de Tom Jobim por ela. Tom e Lygia, professora de pré-primário de uma das filhas do compositor, se conheceram em 1968, no bar Veloso, em Ipanema.
Nunca houve nada entre os dois, mas aquele encontro daria origem ao samba-canção gravado por Chico Buarque no LP "Sinal Fechado", em 1974.
Hoje, aos 54 anos, Lygia mora sozinha e dirige o departamento cultural da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ela recorda com orgulho os detalhes de seu caso jamais consumado com Tom Jobim.
Lygia Marina de Moraes "Conheci o Tom em uma tarde chuvosa. O bar Veloso estava vazio, era junho e fazia frio. Eu e uma amiga, Cecília, nos sentamos na varanda e vimos o Tom conversando com Paulo Góes [fotógrafo]. Os dois acabaram se sentando na nossa mesa. Quando contei ao Tom que era professora da sua filha Beth, ele teve um ataque de riso e disse: 'É a primeira vez que paquera vira reunião de pais e mestres!'.
E eu babando: imagine, em 68, Tom era um dos homens mais lindos do Brasil. Ele tinha que dar uma entrevista a Clarice Lispector para a 'Manchete', e convidou a mim e a Cecília para ir com ele. Fomos no fusquinha azul-claro do Tom. Eu usava uma saia de lã e um suéter de cashmere. Ao abrir a porta, Clarice fez cara de mau humor. Tom, abraçado comigo e com Cecília, disse: 'Trouxe minhas amigas'. Ela ficou mais furiosa quando pediu a Tom que fizesse um poema para ela, como Vinícius [de Moraes] teria feito em entrevista anterior, e ele disse: 'Não sou poeta, se tivesse um violão...'.
Mas aí pegou um bloco de papel-jornal e escreveu um poema para mim, que guardo até hoje: 'Teus olhos verdes são maiores que o mar/ Se um dia eu fosse tão forte quanto você/ Eu te desprezaria e viveria no espaço/ Ou talvez então eu te amasse/ Ai que saudades me dá/ Da vida que eu nunca tive', e assinou: A.C.J.
A música fala de tudo o que não aconteceu: o cinema, o passeio na praia... Vivi o auge de Ipanema. Estava sozinha em casa quando ouvi no rádio o Chico cantando 'Lígia', pela primeira vez. Na hora, me vi na letra. Ser homenageada já é maravilhoso, ainda mais pelo Tom, com uma música linda e sofisticada... Um dia, Tom me encontrou por acaso na Cobal [sacolão e ponto de encontro] e falou: 'Está chegando minha musa!'. Foi a primeira vez que admitiu para mim.
Até hoje, em cada boteco que entro tocam 'Lígia'. Fiquei imortal. Tenho quase todas as gravações de 'Lígia'. Existe até uma versão do João Gilberto em que, ao contrário da oficial, o romance acontece e Tom até se casa comigo. As pessoas me cobram o fato de nunca ter acontecido nada entre a gente. Mas será que não foi melhor ter ficado essa fantasia? Talvez tivesse de ser essa a história: eu virar musa, entrar em um restaurante e me lembrar do Tom, cheio de charme."
Lígia
Eu nunca sonhei com você/
Nunca fui ao cinema/
Não gosto de samba/
Não vou a Ipanema/
Não gosto de chuva/ Não gosto de sol/
E quando eu lhe telefonei/
Desliguei/ Foi engano/ O seu nome eu não sei/
Esqueci no piano/
As bobagens de amor/ Que eu iria dizer/
Não, Lígia, Lígia...
Tom Jobim


marie claire.116.novembro.2000

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamos trocar idéias? Deixe seu comentário.......